Imprimir

João Carlos é consultor, palestrante e idealizador do  "Dia do Cliente".

novorhumo@terra.com.br

Junho 2005


Comente este artigo no Fórum

Cuidado Com Suas Preferências

João Carlos Boiczuk Rego


Todos nós, enquanto seres humanos, e numa sociedade livre e democrática, temos o direito de ter nossas preferências, sejam elas de cunho religioso, político, esportivo, ou qualquer outro. O problema está na forma e no local onde externamos as nossas preferências.

                    Experimente vibrar com um gol do Flamengo no meio da torcida do Vasco, ou discursar em favor do Lula em meio a uma convenção partidária do PFL. No primeiro caso, você seria trucidado, no segundo, no mínimo, levaria um enorme vaia.

                    Em ano eleitoral, e de eleição presidencial como este, os ânimos tendem a se tornar mais acirrados.

                    Nós, profissionais de Atendimento e Vendas, que lidamos diretamente com o público, temos de ter maiores cuidados ainda, a fim de que, através da demonstração de nossas preferências, não venhamos a provocar áreas de atrito com nossos Clientes e, com isso, perder negócios.

                    É muito comum de se ver nas ruas, e em alguns estabelecimentos comerciais, atendentes e vendedores vestindo a camiseta de seu time do coração, principalmente após uma vitória importante, ou após a conquista de um campeonato. É exatamente aí que mora o perigo.

                    Pegando, por exemplo, duas importantes capitais, em que as preferências futebolísticas estão polarizadas em dois grandes clubes: Porto Alegre e Belo Horizonte. Nessas cidades, é imensa a rivalidade entre torcedores do Internacional e do Grêmio, e do Cruzeiro e Atlético Mineiro. Envergar a camiseta do clube rival é sinônimo de atrito na certa, no mínimo de uma má vontade, ou antipatia instantânea.

                    E mesmo assim, é extremamente comum ver-se profissionais indo trabalhar identificados com seu clube de coração. Nas duas cidades mencionadas, no mínimo estarão afastando metade dos possíveis Clientes, torcedores do clube rival. É muito amadorismo.

                    Com a política dá-se a mesma coisa. Tem vendedor e atendente que vai trabalhar com o botom, ou com a camiseta de seu candidato. Ou, no meio do processo de atendimento/venda surge o assunto e ele acaba discutindo com o Cliente sobre política. Pronto, mais uma venda que foi perdida.

                    Em todos os contatos que temos com nossos Clientes temos de procurar pontos de convergência e não de divergência. No primeiro contato (quebra-gelo), e na hora das amenidades, em meio à entrevista de venda, devemos procurar evitar colocações polêmicas e, com habilidade, desviar a conversa para aspectos interessantes ao negócio. Nosso time é o Qualidade Futebol Clube e nosso partido o Partido do Bom Atendimento.

                    A recente divulgação dos dados estatísticos do Censo de 2000 pelo IBGE demonstrou o enorme crescimento dos adeptos das Religiões denominadas Evangélicas. Este é outro ponto onde pode haver atritos, dependendo de como forem feitos comentários a respeito desta ou daquela religião.

                    Seja na religião, seja no futebol ou na política, existem pessoas que são mais exaltadas e outras nem tanto. Se não dá para adivinhar, melhor então é evitar o assunto.

                    Porém, exaltadas ou não, devido ao stress provocado pela sociedade moderna, pressões de todos os lados, corre-corre, trânsito caótico, insegurança, orçamento apertado, etc., as pessoas andam com um nível de tolerância bastante baixo, andam sempre com pressa, muitas “à beira de um ataque de nervos”. Imagine a cena:

                    Seu time do coração é desclassificado do campeonato e o rival segue adiante na competição. O sujeito vai dormir p. da cara. Acorda atrasado no outro dia. Discute com a mulher antes de sair. Pega um ônibus lotado, que acaba trancado num engarrafamento, provocado por um comício relâmpago de um candidato diferente do seu. Chega tarde no serviço, mais enfurecido ainda. Leva uma bronca do chefe. Na hora do almoço, resolve fazer umas comprinhas para ver se se acalma. Chega na loja, o atendente com um sorriso de orelha a orelha com a camiseta do time rival...Imagine o resto. Cenas como esta acontecem diariamente.

                    Brasileiro, seja Cliente (e todos somos), seja vendedor (e todos, de uma forma ou de outra, somos também) é muito emocional. É preciso, então, canalizar as emoções de uma forma positiva, de uma forma que facilite a concretização de negócios e, principalmente, a fidelização de Clientes. Evitar discussões e antipatias é uma boa forma de se começar.

                    Portanto, meu amigo Profissional de Atendimento e Vendas, participe ativamente de todas as esferas de sua vida, mas cada uma no local adequado, e de maneira apropriada. Religião é na sua igreja e com os membros de sua comunidade, política com as pessoas de suas relações e futebol no estádio, no seu bairro, no seu clube ou na mesa do bar. Preserve o seu local de trabalho. Muito cuidado com as brincadeiras e discussões com os colegas, isto, muitas vezes, deteriora o ambiente.

                    E no atendimento, vista a camiseta do profissionalismo, da cortesia e da boa vontade. Prepare-se, tanto na parte técnica, quanto no aspecto motivacional, para, entusiasmado, poder descobrir e satisfazer as necessidades de seus Clientes com seus produtos e serviços. Comprar é uma delícia, torne este momento ainda mais prazeroso para seu Cliente.

                    Com melhores resultados profissionais, você, certamente, terá melhores momentos na hora de torcer pelo seu time, irá se sentir melhor na sua igreja e estará muito mais consciente na hora de votar. Pense nisto. Dá-lhe, Campeão!

 

 
  © Copyright 2005 - Marcos Dutra