Celular Como Ponto-de-Venda - PDV no
Mkt Mix 2
Marcos Dutra
Neste segundo artigo da série sobre o evento PDV no
Mkt Mix, vamos falar um pouco sobre o crescente
impacto do celular nas relações de compra, através
da análise das palestras de Michael Martin, gerente
da TIM Brasil e Martin Ottesen, diretor da empresa
dinamarquesa Responsfabrikken.
Michael iniciou sua palestra
mostrando o imenso crescimento que o celular tem mostrado no mundo e no Brasil.
Embora seja de conhecimento geral que na China 1 milhão de pessoas compram uma
linha por dia, o cenário no Brasil também é espetacular: o país chegou a 73
milhões de linhas em maio deste ano, com um imenso crescimento de 20 milhões de
linhas em um ano. Devido a este grande público, hoje ouvimos a todo tempo que o
celular como ponto-de-venda é inevitável, gerando uma série de termos novos como
mobile-marketing.
A realidade mostrada por
Michael é a de diversos serviços disponíveis mas pouco conhecidos, com uma
convergência para o mais simples deles, o SMS, também conhecido por torpedo.
Este tipo de mensagem é extremamente comum na Ásia e na Europa, mas ainda começa
a aparecer por aqui, especialmente entre os consumidores mais jovens. Uma das
maneiras mais interessantes de uso é a integração entre e-mail e SMS, através do
programa Outlook, permitindo ao usuário enviar SMS através do computador. Várias
empresas estão já usando o SMS para enviar mensagens como dicas, horóscopos,
etc.
Porém, a TIM acredita que o
grande potencial de desenvolvimento esteja na integração entre bancos de dados
de empresas e o celular. Desta forma, uma equipe de vendas poderia enviar SMS
com o código do produto e receber de volta, automaticamente, a quantidade de
ítens no estoque e os preços. Outros usos poderiam ser informação sobre horário
de vôos ou saldo bancário, por exemplo.
Em seguida tivemos a
apresentação de Martin Ottesen, mostrando que a situaçào na Dinamarca é de
penetração quase total do celular na população (95%) e, portanto, não só
concentrada no segmento jovem.
A empresa de Martin trabalha
com promoções baseadas em SMS e está chegando ao Brasil em associação com
empresa nacional. O trabalho deles é coordenar as respostas a promoções onde o
consumidor é convidado a enviar um SMS para concorrer a um prêmio. É
interessante que estas ações (ao contrário do Brasil, onde vale tudo) são
iniciadas por métodos tradicionais, como anúncios em revista ou cartazes, já que
o envio não-solicitado de mensagem se constituiria em spam.
O consumidor recebe por
exemplo um convite para enviar um SMS para a Nestlé, recebendo de volta um
código para ganhar um sorvete. Desta forma, a Nestlé ganha o cadastro do número
do celular e consegue um maior envolvimento do consumidor com o produto.
Outro exemplo foi o de uma
promoção convidando consumidores a experimentar um novo carro da Mitsubishi
(test drive) com distribuição de brindes nas concessionárias. A resposta para
estas ações chega a surpreendentes 15%, de acordo com Martin.
Análise do Pensando
Marketing:
As empresas de celulares
encaram hoje uma situação de crescimento violento e parecem não ter ainda
desenvolvido uma estratégia madura de como aproveitar esse mercado. Entre os
serviços apresentados, alguns têm claramente problemas de comunicação ou mesmo
definição: parecem ter sido desenvolvidos pensando-se mais no que o aparelho
pode fazer do que na necessidade ou desejo do consumidor. Um exemplo é o
chat
(ou conversa eletrônica), usando o aparelho para enviar a mensagem, vendo o
diálogo na TV a cabo. O conceito é interessante na teoria mas nada prático.
Outro problema importante é
a educação do mercado. Estes novos serviços são todos mais complicados que uma
simples conversa telefônica e precisam ser comunicados com detalhe. Como nem as
empresas sabem direito qual deles receberá prioridade, fica difícil se
desenvolver de verdade o uso de qualquer um deles.
No final, o mais promissor é
mesmo o SMS, porque é fácil de usar e principalmente porque todos os aparelhos o
suportam. Serviços como televisão por celular só funcionam em dois aparelhos das
centenas existentes. A falta de padronização entre os fabricantes de aparelhos
em relação a tamanho de tela e sistemas operacionais ainda é um grande obstáculo
ao uso generalizado destas novas tecnologias. Não é de se espantar que o
serviço escolhido pela Responsfabrikken seja o velho e simples SMS.
Como deve o marketeiro se
posicionar perante esta ferramenta ? Na verdade, devemos entender que a mídia
tem um mix que não é estático e que apresenta caracteristicas próprias. O
celular é mais uma mídia, como a TV ou a internet. Na verdade, muitas das
promoções apresentadas poderiam ter sido implementadas através de carta-resposta
ou telefone. O uso do SMS não muda a motivação do consumidor ou a arquitetura da
promoção, apenas facilita a operacionalização. É muito mais simples mandar um
SMS que uma carta. O SMS também mantém sua privacidade e economiza seu tempo de
maneira mais eficiente que comparado com um telefonema. Se as características de
sua promoção pedirem rapidez, privacidade e praticidade na resposta, com um
benefício adicional de formação de cadastro, o SMS pode ser adequado.
Finalmente, nunca, mas nunca
mesmo, mande uma mensagem sem ser solicitado: o celular é algo muito pessoal.
