Neste
terceiro e último artigo sobre o evento promovido pela ABA e Popai em 28 de
junho em São Paulo, vamos abordar a questão do merchandising em shopping
centers, hoje o local de convivência e não só de consumo da maioria dos
moradores de grandes cidades brasileiras.
Os
palestrantes do tema foram o responsável por um grande shopping no Rio de
Janeiro, Sérgio de Albuquerque, do Rio Sul; e um de São Paulo, Rogério
Miola, do Shopping Jardim Anália Franco. Como qualquer frequentador de
shoppings pode ver, o merchandising nestes ambientes explodiu nos últimos
anos. Sérgio apresentou o número impressionante de R$ 6 milhões de
faturamento anual para um shopping de grande porte, vindos de uma série
crescente de ferramentas promocionais diferentes.
Entre
elas, destacam-se os quiosques. Só no Rio Sul, existem 70 deles, onde os
anunciantes podem não apenas expor seus produtos, mas também realizar a
própria venda ou obter cadastro de clientes. Outra ferramenta de uso mais
frequente é a ação de promotoras em locais como as cancelas do
estacionamento, distribuindo folhetos.
O
merchandising está presente dentro e fora do prédio. Internamente, existe
uma infinidade de materiais: cartazetes em tótens (chamados de
publishopping), banners simples e adesivos em portas de elevadores. O
merchandising externo pode ir desde de outdoors sobre óleo para motor
no estacionamento das motos até um imenso outdoor virado para a rua
ao custo de R$ 150 mil por mês, sem incluir produção.
Análise do Pensando Marketing:
Existe
uma contradição óbvia no posicionamento dos shopping centers: ao mesmo tempo
em que querem se afirmar como uma opção de lazer e convivência para a
população que foge da violência das ruas, o shopping abusa de elementos de
propaganda que descaracterizam este ambiente. Os espaços com pé-direito
alto, tetos de vidro e palmeiras nos corredores são uma tentativa de imitar
a velha praça das pequenas cidades, lugares de passeio agradável. Porém,
quando se tropeça a cada 10 metros em um quiosque, quando os corredores
ficam poluídos com banners que competem com os arbustos, essa ilusão
desaparece.
O outro
lado deste mesmo problema é que o excesso de informação acaba também
prejudicando o anunciante, que tem sua mensagem diluída. Um bom exemplo foi
o da distribuição de três folhetos diferentes na cancela do estacionamento
do Rio Sul, sendo dois deles de empresas de celulares. A presença de
inúmeros tótens dos anunciantes acaba fazendo o consumidor, que já está em
uma atmosfera de pouca atenção (porque está pensando em suas compras), não
se concentrar em nenhum. Não se deve esquecer que além dos anunciantes
externos, as próprias lojas competem por estes espaços, seja através de
merchandising nos mesmos lugares, seja pela atração de suas próprias
vitrines.
Um fator
interessante que ficou evidente na apresentação é a falta de imaginação dos
grandes anunciantes – sempre que aparece um veículo novo, a manada toda
segue atrás. No caso do Rio Sul, isso aconteceu com o painel externo.
Primeiro foi mostrado um anúncio da Vivo, depois um da Tim, seguido de um da
Oi. Mesmo considerando que o marketing das operadoras de celular é meio como
o de cervejas, com muito dinheiro para gastar e pouco bom-senso por trás,
fica a questão se não seria melhor fazer algo totalmente diferente depois de
seus dois maiores concorrentes terem comprado o espaço.
O fator
positivo mais evidente parece ser mesmo o uso dos quiosques maiores para
ações de suporte a uma rápida introdução de produtos ou serviços. O
shopping, por seu caráter de ambiente de alto fluxo de pessoas combinado com
bom poder aquisitivo, se adequa a ações de sampling, demonstração ou
exposição rápida a grande volume de pessoas. Um bom exemplo é o lançamento
de um carro novo: é muito mais fácil dar uma olhada no carro no shopping
onde o consumidor vai de qualquer jeito, do que trazer alguém para a
concessionária.
Recentemente a Philips promoveu uma ação para renovar a sua imagem,
concentrada no Shopping Morumbi em São Paulo, com quiosques promovendo
produtos novos, alguns participativos. Não dava para andar pelo shopping sem
topar com algum produto Philips, e a ação acabou sendo interessante para
deixar claro para o público a abrangência da empresa. Quem viu teve uma boa
idéia do potencial de demonstração que os quiosques oferecem.