
Henrique Montserrat Fernandez
Administrador de Empresas, com pós-graduação em Análise de Sistemas e MBA em Tecnologia da Informação / E-management pela Fundação Getúlio Vargas - FGV.
Com 28 anos de atuação profissional, trabalhou em empresas de médio e grande porte, tais como Grupo Bonfiglioli, Copersucar e SENAC, entre outras.
Foi Gerente de Sistemas e Métodos da Zanthus, tradicional empresa de automação comercial, onde atuou por mais de seis anos, sendo responsável pelas áreas de informática e pelo Comitê da Qualidade da empresa.
Foi também professor universitário na década de 90, além de possuir vasta experiência em treinamento empresarial.
É especialista nas normas ISO 9000, sendo Lead Auditor pela Perry Johnson Inc., desenvolvendo inclusive, softwares para essa área.
Atual Gerente Administrativo Financeiro do Mercadocar Shopping de Auto Peças, é autor do livro “Evitando a Falência – Garanta o Sucesso de Seu Negócio” (www.zamplex.com.br) e co-autor em “Os Mais Relevantes Projetos de Conclusão de Cursos MBAs 2002” da FGV Management.
henrique@mercadocar.com.br
Novembro 2005
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Reflexões Sobre a Sobrevivência Empresarial
Henrique Montserrat Fernandez
Ninguém abre uma empresa pensando em
fechá-la após um breve funcionamento. O tempo,
dinheiro e esforço investidos merecem um retorno
satisfatório, e este só ocorre, em geral, havendo
sucesso, após alguns anos de trabalho duro.
Infelizmente, no entanto, muitos negócios não chegam
a prosperar. Eles quebram antes disso. Quais serão
as razões para isso ocorrer?
Em meus vinte e sete anos de atividade profissional,
ocupando cargos técnicos e executivos em empresas do
Grupo Bonfiglioli, Copersucar, SENAC e Zanthus entre
outras, bem como a partir de minhas atividades
posteriores como consultor, pude observar vários
casos de sucesso e fracasso empresariais. Observei
que apesar de muitas serem as situações que levam
uma empresa a falir, a principal causa acaba sendo,
quase sempre, o erro humano.
Está nas mãos das pessoas - empresários, executivos
e de todos os funcionários - o futuro de uma
organização. É uma responsabilidade enorme. Muita
coisa depende de se fazer o certo. Parece óbvio, mas
infelizmente não é. Erros humanos continuam
ocorrendo todos os dias. Alguns são mortais.
O fechamento de qualquer empresa prejudica toda a
sociedade. Sua falência afeta um sem-número de
pessoas além dos donos, seja de forma direta,
através do desemprego e conseqüente empobrecimento
da qualidade de vida familiar de seus
ex-funcionários, seja de forma indireta, afetando
fornecedores e clientes, ou de maneira mais sutil,
através da redução de valores obtidos pela cobrança
de impostos.
Manter uma empresa viva torna-se, nos conturbados
dias atuais, um dos maiores desafios de qualquer
administrador. As rápidas alterações ambientais de
mercado que têm de ser levadas em consideração
superam em muito a capacidade de vários gestores. Na
maior parte das vezes lhes falta a formação
necessária para enfrentar esses desafios, em muitas
outras, a falta é de visão.
Temos de ter sempre em conta que a formação do
empresário ou dirigente precisa ser ágil o
suficiente para permitir agir a tempo nessas
situações, e que para isso, a informação é seu mais
poderoso aliado. Lembremo-nos: a falência é como a
morte que acompanha uma doença fatal. Mas pode ser
evitada através da colocação em prática do que for
corretamente planejado.
O papel aceita qualquer coisa e, por mais bonitas
que sejam as frases de efeito a respeito de visão da
empresa, liderança ou estratégia, isso de nada
adiantará sem que se arregace as mangas e se
transforme tudo em ação. É o executar que traz o
sucesso para uma empresa. Cabe ao empresário dar o
maior exemplo.
Dificuldades iniciais, mortalidade
Abrir uma empresa custa dinheiro. Fechá-la custa
muito mais. Periodicamente os jornais publicam
alguma matéria mencionando os custos para abertura e
fechamento de uma empresa e a desproporção entre
esses custos. Mencionam também que a maior parte das
empresas fecha antes de completar cinco anos. Essas
afirmações deveriam assustar o leitor a ponto de ele
nem pensar em abrir sua empresa!
Felizmente, os brasileiros estão entre os povos mais
empreendedores do mundo e continuarão a abrir suas
empresas sempre que possível. Entretanto, há certas
atitudes que acabam por comprometer a iniciativa,
representadas por pensamentos do tipo:
-- Meu maior sonho é de tornar-me empresário para
ser dono de meu próprio nariz e não ter chefes!
-- Abrirei meu próprio negócio, terei vários
clientes loucos por meus produtos e serviços e
ficarei rico. Afinal, com pensamento positivo
realizo qualquer coisa!
-- Meu produto é tão bom que se vende sozinho!
-- Planejar? Isso é besteira, eu confio plenamente
no meu taco para levar adiante a empresa!
Não seja ingênuo, infelizmente a realidade não é tão
simples assim:
® Você terá muito mais do que chefes ao montar sua
empresa - terá clientes, e a responsabilidade para
com estes é muito maior.
® Pensamento positivo é bom, mas não basta. Você é
que terá de ir atrás dos clientes e, para isso,
precisará conhecê-los e ao mercado em que atuam.
Afinal, eles nem sabem que você existe!
® Só vende o produto que satisfaz as necessidades
dos clientes, por melhor que ele seja. Se os
clientes não tiverem necessidade dele, simplesmente
não o comprarão. Além do mais, cabe a você
mostrar-lhes em que o seu produto irá beneficiá-los.
® Ter autoconfiança é importante, entretanto, pode
ser perigoso quando em excesso. Sem planejamento e
ação baseada nele, seu `taco` pode valer menos do
que um graveto...
Planejando a empresa - primeiros passos
Para que seu negócio progrida (e não venha a fazer
parte das estatísticas negativas), você deverá
alterar sua forma de pensar. E isso significa que
deverá planejar antes de agir.
A maioria dos novos empreendedores é negligente no
que diz respeito às atividades que devem ser
realizadas sempre antes da abertura do negócio.
O que precisa ser lembrado, antes de abrir uma
empresa?
1º - Você tem as características necessárias para ser um empreendedor?
2º - Sua empresa não será o centro do Universo. Seus clientes o serão. Eis seus
novos chefes. Terá de mantê-los felizes se quiser continuar vivo. Está preparado
para isso?
3º - Sua empresa produzirá algo. Será que os clientes quererão comprá-lo? Se
sim, a que preço? Há clientes em quantidade suficiente para viabilizar seu
negócio? Você terá como fazer seus custos serem menores do que o preço de venda?
4º - Há capital próprio para abrir a empresa, ou terá de recorrer a terceiros
(bancos, financiadores)? Se recorrer a eles, quando e como conseguirá pagá-los?
5º - Pessoas trabalharão na empresa. Suas competências (o que eles sabem fazer)
serão sempre as melhores para o negócio? Como mantê-los na empresa?
6º - Quem são seus potenciais concorrentes? Conheça tudo que puder sobre eles e
determine seus pontos fortes e fracos.
7º - Quem serão seus fornecedores? Poderá confiar neles?
8º - Terá acesso a todas as informações necessárias para se manter funcionando?
9º - Há legislação que afete especificamente seu negócio? É importante saber de
antemão.
10º - O que sua empresa fará no futuro?
Caso você tenha as respostas para os itens acima, parabéns! Pode começar a
pensar em abrir a empresa, se não, trate de obter essas respostas antes de abrir
o negócio, ou ele dificilmente vingará.
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