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A Luta Pela Sua Atenção

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Por Marcos Dutra - Editor Pensando Marketing
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Muito tem sido escrito sobre a necessidade de capturar a atenção do consumidor e a melhor maneira de se fazer isso. Milhões de dólares são gastos com propaganda de todos os tipos, tentando roubar alguns segundos da atenção consciente de cada um de nós. Essa estratégia faz sentido, dentro de uma economia onde a informação é a mercadoria mais importante e onde o hardware passa a ser cada vez barato e comoditizado, sendo o software o fator de diferenciação. Neste conceito, hardware não significa apenas o computador, mas sim todo o produto material, como um aparelho de TV ou um automóvel, enquanto o software representa os filmes de cinema, livros e até mesmo serviços.

 

Entretanto, existem outras áreas além da comercial onde a atenção deve ser perseguida e conquistada. A família é uma delas, como qualquer marido que esqueceu do aniversário de casamento sabe muito bem ! Outra área muito importante é o trabalho. Na verdade, estudos estão sendo realizados para se verificar como captar a atenção para projetos e informação importantes em grandes empresas. A preocupação é correta: imagine a dificuldade em se informar dezenas de milhares de empregados, em empresas como o Citibank ou a GE, sobre uma nova estratégia que dependa da colaboração de todos.

 

Mesmo que você não tenha um desafio tão grande nas mãos, de qualquer forma vai precisar captar a atenção de seus superiores e seus pares para seus projetos e realizações. Sem um bom trabalho de divulgação, suas chances de ter suas iniciativas aprovadas e apoiadas serão mínimas. Essa briga tem ficado tão feia, com os profissionais querendo aparecer tanto, dando um foco maior na apresntação que no conteúdo, que o CEO da Sun Microsystems, Scott McNeally, chegou a proibir o uso do PowerPoint em sua empresa, enquanto outras companhias baniram o uso de impressoras coloridas para trabalhos internos.

 

Aproveitando essa tendência, a dica desta semana traz algumas sugestões inspiradas no livro The Attention Economy dos consultores da Accenture nos EUA Thomas Davenport e John Beck.

 

A primeira coisa a lembrar é que nosso mecanismo de atenção foi criado não para gerenciar projetos, mas para garantir nossa sobrevivência. Portanto, é na psicobiologia, que explica como o cérebro administra a atenção  que encontramos as melhores estratégias para captá-la. O ser humano e vários outros animais passam o tempo vasculhando o ambiente à procura de alimento e principalmente de predadores. Seus cérebros estão a todo o tempo filtrando o que não é importante e focando seletivamente no que é. Desta forma, devemos desenvolver nossas mensagens para que ela se adapte à este mecanismo. Como fazer isso:

 

1)      Ofereça pequenas doses de informação a cada vez. Lembre-se que o cérebro está sempre vasculhando o ambiente e a partir da primeira conferência e identificação do assunto (isto não é alimento ou predador!), o nível de atenção tende a cair.

 

2)      Procure fazer com que sua mensagem seja tão diferente quanto possível das mensagens à sua volta. Mais uma vez, esta dica segue nosso comportamento animal: algo que se  destaca no ambiente tende a ser notado. Não se mimetize.

 

3)      Procure focar em necessidades básicas. No gerencimento de atenção, a famosa pirâmide de Maslow,  que hierarquiza as nossas necessidades começando nas fisiológicas e terminando nas de transcendência, também se aplica. Não é de se surpreender que muitos comerciais utilizem este conceito, apelando para nossa fome com imagens deliciosas, para o apetite sexual ou para nosso instinto básico de cuidar de crianças.

 

4)      Na mesma linha, lembre-se que seu público receptor está procurando aceitação, autonomia e admiração antes que orientem sua atenção para uma tarefa que você estiver propondo. Apele para estes conceitos e as pessoas ficarão bem mais dispostas a lhe escutar e seguir.

 

Mas será que não há lugar para a parte mais evoluída de nossos cérebros nesse processo ? Sem dúvida, afinal temos a capacidade de planejar e antecipar, e não ficamos só correndo de tigres-de dente-de-sabre. Uma estratégia é contar uma história. Nossas mentes têm a tendência de manter a atenção focada enquanto houver interesse no resultado final.

 

Com um pouco de criatividade, suas mensagens poderão ser mais pessoais e se destacarem dentro desta selva que é o mundo corporativo. Porém se nada funcionar, você ainda pode fazer suas apresentação com uma cascavel ou uma onça na sala. Sem dúvida, os cérebros de sua platéia seguirão a biologia e lhe darão toda a atenção.

 

Janeiro 2004